quinta-feira, 3 de abril de 2014

Mãe que faz 10 km a pé com filha deficiente recebe oferta de habitação social em Pernes

Ofélia Marques ainda não foi informada oficialmente mas já teve conhecimento da proposta da
Segurança Social de disponibilizar uma habitação social em Pernes para si e para a sua filha. A moradora em Vaqueiros afirma a O MIRANTE que está a ponderar aceitar essa proposta. Está apenas a aguardar que a informação chegue oficialmente.

Este caso foi muito falado durante a semana passada na comunicação social porque Ofélia, que tem uma filha, Patrícia, de 32 anos, com paralisia cerebral, é obrigada, sempre que necessita de ir ao médico, a fazer dez quilómetros a pé, ida e volta, até ao centro de saúde mais próximo, em Pernes. Sempre a empurrar a filha, na cadeira de rodas, ao longo da movimentada Estrada Nacional 3. Tudo porque o Centro de Saúde de Vaqueiros, aldeia do concelho de Santarém onde mãe e filha moram, encerrou em Setembro do ano passado.

Ofélia recusa-se a deixar a filha sozinha em casa e não tem dinheiro para táxis. Os autocarros não estão adaptados para transportar deficientes. Conta que recebe apenas 400 euros de subsídio por cuidar de uma pessoa com deficiência e que esse dinheiro não chega para as deslocações.

Depois do caso ter sido tornado público a Segurança Social, em conjunto com a Câmara de Santarém, ofereceram um conjunto de soluções a Ofélia, nomeadamente uma casa de habitação social, transporte para as consultas e possibilidade de Patrícia ser colocada numa estrutura residencial com valência de centro de dia.

Segundo informação da Segurança Social em comunicado, a vaga mais próxima é em Rio Maior. Ofélia Marques apenas coloca uma condicionante: não se separar da filha. “Não quero ficar longe da minha filha. Ela está muito afeiçoada a mim, e eu a ela, e se ela fosse para uma instituição iria estranhar. Vou lutar para ficar sempre com a minha filha”, garante.

Ofélia Marques disse ainda a O MIRANTE que teve conhecimento que no CRIT (Centro de Reabilitação e Integração Torrejano) existe a possibilidade de ir buscar e levar os utentes a casa. A mãe diz que vai tentar encontrar uma solução para o bem-estar da filha.

A Junta de Freguesia de Vaqueiros tem demonstrado vontade em resolver a situação da falta de médico na aldeia. Para o secretário da União de Freguesias de Casével e Vaqueiros, Joel Oliveira, o caso poderia ser solucionado se o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da Lezíria colocasse um médico a dar consultas uma vez por semana na extensão de saúde de Vaqueiros. A autarquia garante que disponibiliza a funcionária administrativa e o equipamento informático necessário.

“Não entendo como é que o ACES aceita colocar mais um médico na freguesia, mas exige que seja na extensão de saúde de Casével. Nós precisamos é em Vaqueiros, porque a aldeia fica longe das outras localidades e não é muito bem servida de transportes”, critica.

Fonte: O Mirante

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