quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Eduardo Jorge por Helena Pinto

Eduardo Jorge é o seu nome. Tem 53 anos. Ficou tetraplégico aos 28 anos de idade. Esteve 10 anos numa cama.

Viveu na Concavada, no Médio Tejo, é nosso vizinho. Ontem, foi publicada uma reportagem pelo jornal ”Público” sobre a sua vida nos últimos meses. Uma reportagem que nos dá uma dimensão do seu dia-a-dia, das suas dificuldades, da forma como as ultrapassa, das suas ideias e convicções. Um cidadão pleno que tem consciência das suas limitações físicas, um cidadão que sabe o que quer e tem consciência dos seus/nossos direitos.

Um homem que tem a coragem de se mostrar, despojado de vaidades, que abre a porta da sua casa e através das imagens da câmara de filmar, nos faz entrar na sua intimidade, nos seus pensamentos, nas suas angústias, na sua alegria. Não é uma reportagem qualquer, é uma convocatória.

Eduardo Jorge não se resignou, assumiu a sua situação, é um tetraplégico e iniciou uma luta por uma “Vida Independente”.

Com outros e outras questionou o Poder, exigindo que se mudassem as políticas de apoio às pessoas com deficiência. Fez greve da fome frente ao Parlamento, percorreu 180 quilómetros em cadeira de rodas e as coisas nunca mais foram como até aí.

A situação das pessoas com deficiência ganhou lugar na agenda política e acima de tudo começou-se a falar em “Vida Independente”. Esta perspetiva representa uma alteração de paradigma, um avanço civilizacional, um novo patamar no reconhecimento dos direitos das pessoas com deficiência, privilegiando a sua decisão e as suas escolhas “todas as pessoas com deficiência têm direito a viverem em comunidade, com escolhas iguais às demais”. Nem menos, nem mais – escolhas iguais às demais.

Com a eleição de Jorge Falcato para Deputado à Assembleia da República, pelo Bloco de Esquerda, há a certeza que as políticas públicas nesta área vão estar em debate.

Eduardo Jorge está presentemente no Centro de Apoio Social da Carregueira, onde vive e trabalha.

Na reportagem pergunta-se: “A luta já acabou?” Quando chegamos ao fim cada um/uma terá que dar a sua resposta. Eu dou a minha. Não acabou, e, sobretudo somos mais a lutar.

Obrigada Eduardo.

Fonte: Médio Tejo

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